quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Chegámos ao Paraíso..."

"A força que entrou em Abrantes no dia 24 de novembro, não excedia a 4 ou 5:000 homens, e em que deploravel estado pode-se facilmente imaginar!...
A vista de Abrantes reanimou-os. E que nada ha effectivamente mais encantador do que este ridente Valle do Tejo, principalmente quando acabam de se atravessar as aridas provincias hespanholas da raia, e os temerosos faguedos da Beira.
Tudo é risonho e sereno, tudo offerece o aspecto da opulencia e da fertilidade. O rio deslisa brandamente por entre ricos vergeis, pittorescas villas, margens verdejantes, e abraça amorosamente as ferteis lezirias.

Os soldados de Junot imaginaram que tinham entrado no Paraizo.
Bebiam regaladamente os optimos vinhos das cepas portuguezas, saltavam nos laranjaes e comiam com delicia a fructa verde, sem se importarem que ainda não estivesse avermelhada a casca..."


Excerto do volume XI de "Historia de Portugal : edição popular e ilustrada", pelo M. Pinheiro Chagas. Lisboa : Escriptorio da Empreza, 1827.