terça-feira, 27 de maio de 2008

Biografias dos principais protagonistas


Napoleão Bonaparte

"Ah, se o nosso pai nos pudesse ver neste momento", diz Napoleão a seu irmão José.
A 2 de Dezembro de 1804. Na Notre-Dame, Napoleão transforma-se no imperador dos Franceses.





Nasceu em Ajaccio, na Córsega, a 15 de Agosto de 1769 e morreu em Santa Helena a 5 de Maio
de 1821. Foi o mais alto dirigente francês a partir de 1799, e auto-proclamou-se Imperador de França, adoptando o nome de Napoleão I. Conquistou e governou grande parte da Europa centra e ocidental. Foi um dos chamados "monarcas iluminados", que tentaram aplicar à política as
ideias do movimento filosófico chamado Iluminismo. Após a queda do governo do Directório, Napoleão institui o Consulado em 1799. Trata-se da primeira fase de governação em que conjuntamente com a burguesia francesa, prepara a instauração da Monarquia em França,
que se inicia em 1804 com um plebiscito em que obteve cerca de 60% dos votos. É a época do Império, que institucionalmente, se inicia na noite de 2 de Dezembro de 1804 em que se auto-proclama, em frente ao Papa Pio VII, Imperador de França e Itália. Formou-se, entretanto, uma nova corte com membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza que seria titular dos mais altos cargos dum império que se começava a construir através da força. Tendo conquistado o território a leste [Áustria 1805, Prússia 1806 e Rússia 1807], restava a Península Ibérica e, nomeadamente Portugal, que ainda não tinha aderido, em conformidade, ao Bloqueio Continental, por si decretado em 1806 e que impunha um boicote aos produtos ingleses na Europa Continental. Portugal, face à aliança histórica com Inglaterra e por ser um dos principais portos de entrada de mercadorias britânicas vê-se em finais de 1807, enredado numa guerra que duraria mais oito anos e que impunha uma nova ordem política nas fronteiras europeias. Com a derrota na Rússia em 1812, Napoleão recua na manutenção e expansão territorial do Império e, em 1814, exila-se na Ilha de Elba, de onde foge no ano seguinte. Desembarca, novamente, em França com um Exército e reconquista o poder. Inicia-se então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma a sua luta contra o Exército francês. Napoleão entra na Bélgica em Junho de 1815, mas é derrotado por uma coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleónico. Napoleão Bonaparte tornou-se uma figura importante no cenário político mundial da época, já que esteve no poder da França durante 15 anos, e nesse tempo conquistou grande parte do continente europeu.


D. João VI de Portugal


"D. João: um príncipe tímido, feio e inseguro que vivia separado da mulher e tinha medo de caranguejos e trovoadas."




João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, futuro rei D. João VI, nasceu em Lisboa a 13 de Maio de 1767 e faleceu a 10 de Março de1826. Foi cognominado de "O Clemente" e como filho segundo, teve um choque quando percebeu que iria ser rei após a morte do irmão mais velho, José, vítima de varíola. Foi príncipe regente a partir de 1792, devido aos impedimentos da doença mental de sua mãe, D.Maria I. É durante o seu reinado que se dá a Revolução Francesa e quando Napoleão, na luta contra a Inglaterra, se impõe a Portugal tentando fechar os seus portos a esta potência, este tenta manter a paz com as duas potências, mas não o consegue em virtude de um jogo diplomático incompatí-vel com as pretensões da Grã Bretanha e da França. Protagonista maior durante a primeira invasão, D. João
VI, perante a incapacidade de se defender das intenções de invasão e divisão do território nacional por franceses e espanhóis, opta por transferir a corte portuguesa para o Rio de Janeiro a 27 de Novembro de 1807. Chega a 22 de Janeiro de 1808 a Salvador da Baía e a 28 deste mês preconiza a abertura dos portos brasileiros às nações consideradas amigas, entre as quais se encontrava a Inglaterra. Em Março de 1808 transfere a corte para o Rio de Janeiro, ficando esta cidade como Capital do Reino. Promove, doravante, o desenvolvimento industrial, a autonomia administrativa, a liberalização da imprensa, o ensino superior, as artes, bibliotecas e cria o Banco do Brasil. Nesta fase, o reino denominava-se por Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, um primeiro passo para a independência do Brasil, que é proclamada a 7 de Setembro de 1822. Por esta altura, os portugueses da metrópole sentem-se prejudicados com perda dos mercados abastecedores brasileiros e começam a revoltar-se contra o monarca, culminando com a revolta do Porto de 1820, onde se exigia o fim da Monarquia absoluta e o regresso de D. João VI. Este só regressará em 1821 e será um fraco mediador na disputa pelo poder vivida pelos seus filhos, D.Pedro e D. Miguel. Viria falecer a 10 de Março de 1826, provavelmente vítima de envenenamento.


Andoche Junot




"O GRANDE NAPOLEÃO
meu Amo envia-me para vos proteger,
eu vos protegerei."

Em Março de 1808 é feito duque de Abrantes.



Nasce na Cote d'Or a 23 de Outubro de 1771 e suicida-se em Montbard a 29 de Julho de 1813. Inicia-se no Direito em Paris, mas perante o fervor revolucionário de 1789 desiste do curso, e alista-se no exército francês em 1891. Praticou desde cedo, um jogo simples de audácia, coragem, valentia e espírito de aventura, o que lhe conferiu uma rápida ascensão na hierarquia do exército.
Se em 1793, durante o cerco de Toulon, era apenas sargento, em 1800 foi escolhido como ajudante-de-campo de Napoleão e tornou-se general. Casa com Laura Premon na altura da Campanha de Itália e, em 1805,é o embaixador francês em Lisboa. Em Abril de 1805, ao retornar de uma audiência com o Príncipe Regente de Portugal D. João, terá escrito uma opinião muito sui generis no seu diário pessoal: Meu Deus! Como é feio!Como é feia a princesa! Meu Deus! Como são todos feios! Não há um só rosto gracioso entre eles, excepto o do príncipe herdeiro. Foi nesta época que assumiu maior protagonismo junto de Napoleão, sendo nomeado, em 1807, para comandar as tropas do Corpo de Observação de Gironda que invadiriam Portugal no final desse ano. Indicado como Governador-geral de Portugal, foi feito duque de Abrantes (Março de1808). Diante da ofensiva de Arthur Wellesley em Agosto, que bateu as tropas francesas na batalha da Roliça (17 de Agosto) e na batalha do Vimeiro (21 de Agosto), Junot propôs aos ingleses um armistício que lhe permitiu a retirada: a Convenção de Sintra, assinada a 30 de Agosto. Voltou à Península Ibérica com as tropas do general André Massena (1810), quando foi gravemente ferido. De Portugal passou para a Áustria, onde combateu na batalha de
Austerlitz, a 2 de Dezembro de 1805. Nomeado Governador-geral de Parma, no ano seguinte, foi nomeado Governador Militar de Paris. Durante a Campanha da Rússia (1812), foi acusado de permitir a retirada do Exército russo após a batalha de Smolensk (17 de Agosto), embora tenha
comandado o 8.o Corpo francês na batalha de Borondino (7 de Setembro). Já mostrando sinais de demência, em 1813 foi nomeado governador da Ilíria, mas pouco tempo depois põe termo à vida atirando-se duma janela.


Henri-Luis Loison


O general maneta que participou nas primeiras invasões sob o comando de Junot e que aterrorizou Portugal criando a expressão popular «ir pró maneta».






Nasceu a 13 de Maio de 1771 em Damvillers e morre a 30 de Dezembro de 1816 na Bélgica. Filho de um deputado à Assembleia Constituinte francesa, alistou-se em 1791 num batalhão de voluntários, sendo tenente quando a França declarou guerra ao Imperador alemão. Em 1805 é comandante de uma Divisão do 6.o Corpo de Exército, dirigido pelo marechal Ney, batendo-se em Elchingen, e depois da rendição de Ulm, ocupa o Tirol. Sendo encarregue das contribuições de guerra impostas à região, fica com a maior parte do dinheiro para si, não conseguindo o próprio Ney que ele entregasse o que reteve. Em princípios de 1806, perde o braço esquerdo num acidente de caça, o que o impede de recuperar o comando da sua divisão durante as campanhas de 1806 e 1807. Em finais de 1807 é nomeado comandante da 2.a divisão do Corpo de Observação da Gironda, que invade Portugal em Novembro, substituindo o general Laroche, que abandonou o corpo, por motivos de doença, em 21 de Outubro. Chega a Lisboa, nos primeiros dias de Dezembro, não tendo conseguindo acompanhar a sua divisão nas marchas forçadas que a trouxeram até Lisboa, sendo enviado para o norte da capital. É responsável pelas expedições punitivas que se realizam em Maio e Junho de 1808 contra as populações insurrectas do Norte de Portugal e do Alentejo. Estando em Almeida, é encarregado de ocupar a cidade do Porto, após a retirada das tropas espanholas em Junho de 1808, mas será derrotado pelas Milícias e Voluntários das Ordenanças de Trás-os-Montes em Mesão Frio. Regressado a Lisboa, é enviado de imediato para o Alentejo, dispersando as forças insurrectas em Évora, o que o impede de chegar a tempo de ajudar Delaborde, no combate que este trava contra Wellington na Roliça. Abandona Portugal, onde ficou conhecido pelo Maneta, sendo enviado para Espanha com o 8.o Corpo de Exército. Junta-se ao corpo de Soult quando este é encarregue da invasão de Portugal, após a batalha da Corunha, tendo ordens de ocupar Trás-os-Montes e proteger, assim, o flanco esquerdo do exército francês. Não consegue manter a linha do Tâmega, na luta que trava com o coronel de cavalaria Silveira, que encontra pela frente pela segunda vez em dois anos, e praticamente no mesmo local. Recuando para Guimarães, obriga o exército francês a retirar pelo norte de Trás-os-Montes, quando este abandona o Porto, em vez de pela Beira como estava nos
planos de Soult. Em 1810 é novamente comandante de uma divisão do 6.o corpo de exército que, sob o comando de Ney, integra o Exército de Portugal comandado por Massena. Participa na batalha do Buçaco onde a sua divisão é rechaçada pela brigada portuguesa do general Coleman.
Toma o comando do 6.o corpo durante a retirada de Portugal, quando Ney demitido por Massena regressa a França, e dirige-o na batalha de Fuentes d'Oñoro, sem grande merecimento. Abandona o comando do corpo em 7 de Maio de 1811 e regressa a França. Regressado a França em 1814, será feito Cavaleiro de São Luís e comandante de uma região militar, mas em Janeiro de 1815 é colocado no quadro de adidos. Apoia Napoleão durante os Cem-Dias sendo coberto de honras. Morreu em 1816, com 45 anos, não tendo tirado partido dos 20 anos de pilhagens a que se tinha dedicado sob a capa de general da Revolução e do Império.

Paul Charles François Thiébault

Junot confia-lhe o comando das forças espanholas no Norte do país, um território que em Fontainebleau ficaria conhecido como Lusitânia Setentrional, com capital no Porto e que abarcava as províncias de Entre o Douro e Minho.





Nasce em Berlim em 1769, onde o seu pai era professor na escola militar, resolve estabelecer-se em França,sendo admitido como funcionário na Administração da Dívida Pública. Em 1792 alista-se no exército, recebendo, poucos meses depois, o posto de sargento, mas tem que a bandoná-lo por motivos de saúde. Na sequência da revolta de Dumoriez, é acusado de participar na mesma, conseguindo, no entanto, provar a sua inocência e, no ano seguinte, realista-se no Exército do Reno passando depois para o Exército do Norte. Sobe depressa na hierarquia e, em 1795, já é adjunto do general Solignac no Exército de Itália. Na grande batalha deAusterlitz, comanda a 2a brigada da 1a divisão de infantaria, sendo ferido no assalto ao planalto de Pratzen.
Nomeado governador de Fulda em 1806 é em seguida transferido para o Exército de Portugal, apesar de alguma resistência por parte do estado-maior francês. Junot faz dele o número dois na hierarquia e, em 1808, é confirmada a sua promoção a general de divisão. À semelhança do seu comandante, instala-se em Lisboa no palácio Ratton, com as despesas pagas pelo município e escolhe sempre o que de melhor encontra para poder levar consigo de volta para França. Nas suas memórias refere mesmo uma conversa mantida com Junot em que este lhe prometia elevados ganhos se participasse nesta campanha. Faz ainda a guerra de Espanha e, em 1811, recebe o título de barão do império, regressando a França para um curto período de descanso. Transferido para Hamburgo, serve sob as ordens do marechal Davout, durante a campanha de 1813-14, em que se dá a invasão de França pelos aliados. Durante o Governo dos 100 dias volta a apoiar Napoleão, estando efectivo na guarnição que defendia Paris. Morre em 1846 e o seu s nome é inscrito no Arco do Triunfo. Para além da obra já referida, publica ainda um "Manuel du Serviçe des Etats Majors" em 1810, o "Journal des opérations militaires du siège et du blocus de
Gênes" em 1801 e o que a Portugal mais interessa, as suas memórias, no período de revivalismo dos tempos napoleónicos. Uma outra obra de leitura fundamental é a Relation de l'expédition du Portugal faite en 1807 et 1808, onde consta a sua versão dos acontecimentos.


Diogo Soares da Silva de Bívar


Formado na Universidade de Coimbra de espírito liberal, foi enviado em degredo para Moçambique por haver hospedado Jean-Andoche Junot numa propriedade sua em Abrantes.


Nasce em 1785 e morre no Rio de Janeiro a 10 de Outubro de 1865. Cursou Direito na Universidade de Coimbra, fazendo-se sempre acompanhar dum espírito liberal que lhe custaria a expatriação para Moçambique, por ter hospedado Jean-Andoche Junot na sua casa, em Abrantes. Contudo, durante a viagem para Moçambique, optou por preferir o Brasil e fixa-se na Baía. Obtém, passados alguns anos, o perdão pelo seu colaboracionismo com os franceses. Foi ainda, redactor de impressa no Idade d'Ouro e fundador do primeiro jornal literário do Brasil, As Variedades ou Ensaios de literatura, que surgiu na Bahía em Janeiro de 1812. Nesta cidade exerceu a prática da advocacia, mudando-se depois para o Rio de Janeiro. Foi pai de Rodrigo Soares Cid de Bívar, Luís Garcia Soares de Bívar e daquela que seria primeira mulher do jornalismo brasileiro, Violante Atalipa Ximenede Bívar e Velasco.

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